sábado, 13 de fevereiro de 2016

Escultura Modernista roubada: mais um dano dos 400 anos!



O abandono e a falta de vigilância dos nossos equipamentos públicos por parte da gestão municipal, somados à falta de valorização da população ao nosso patrimônio, resultou em mais um dano irreparável para a memória coletiva da cidade. O roubo de uma das esculturas do Monumento à Lauro Sodré no último sábado foi a nota triste desse carnaval, período farto em folia e em perdas ao patrimônio da cidade. 

O Monumento mandado erigir por Magalhães Barata,  foi inaugurado em 10 de junho de 1959 para comemorar o centenário de nascimento do líder político Lauro Sodré, ocorrido em 1958.
Inauguração do Monumento, em 1959 (foto extraída da página Fragmentos de Belém)


O conjunto de elementos monumentais é constituído de três grupos escultóricos, distribuídos pela Praça Floriano Peixoto, que faz parte do Complexo Arquitetônico de São Brás. O projeto é do arquiteto paraense Francisco de Paula Lemos Bolonha, cujas obras foram realizadas sob o comando do engenheiro Nicholas Chase. As esculturas foram criadas pelo artista paulista Bruno Giorgi e são as únicas do artista existentes fora do eixo Rio-São Paulo. 

Vista panorâmica do Monumento, em que se avista os três conjuntos escultóricos de autoria de Bruno Giorgi



A estátua de Lauro Sodré, em bronze, é obra central do primeiro grupo escultórico e também destaque principal do conjunto de elementos monumentais, a estátua traz a figura de um homem sentado, em meditação e está situada sob uma cobertura e sobre um espelho d’água, espécie de piscina. A escultura e o próprio conjunto remetem à figura e aos feitos do líder político homenageado, Lauro Sodré.
2º conjunto escultórico, em 2012 quando a Praça foi revitalizada


O segundo grupo escultórico é composto de um mural com três figuras em bronze, que representam o Trabalho (à esquerda), as Artes (à direita) e a República (ao centro), o mural está ligado a uma escada e situa-se entre o primeiro e o terceiro grupos escultóricos. 

O mural íntegro com o obelisco 


O mural antes da revitalização de 2012, já mutilado

O mural em 2012, reinaugurado sem a escultura que representava o Trabalho retirada para restauro.


O mural em situação de abandono, mas ainda com a escultura representando as Artes
O que restou do mural após o último roubo 



O terceiro grupo escultórico é constituído por um obelisco com 20 metros de altura, em sua parte superior está a Vitória, figura em alumínio que possui 5,30 metros de altura. 




Obelisco representando a Vitória, em foto de Alexandre Lima



Bruno Giorgi, mestre modernista


Bruno Giorgi nasceu em Mococa, interior de São Paulo, em 1905. Em 1911, fixa-se com a família em Roma, onde inicia estudos de escultura com Loss. Participa ativamente da luta anti-fascista na Itália e em 1935 é extraditado para o Brasil, integrando-se ao Movimento Modernista ao lado de Vitor Brecheret, Mário de Andrade, Alfredo Volpi, Lasar Segall e outros.

Em 1960, a convite de Oscar Niemeyer executa em Brasília, para a Praça dos Três Poderes, o Monumento dos Candangos; mais tarde, em 1968, no lago do Palácio dos Arcos, Ministério das Relações Exteriores, a escultura "Meteoro".

Candangos


Meteoro



O Mural estava incompleto desde 2012, quando a representação do Trabalho, que estava sem a cabeça, foi retirado para restauro no Museu de Arte de Belém e assim o Patrimônio Histórico da cidade vai se perdendo a cada dia, qual será o próximo? O Palacete Facíola abandonado pela SECULT? O precioso casario da Travessa Leão XIII? O Palacete Correa, onde funcionou o Colégio Pequeno Príncipe?  Ou o maior acervo de documentação da Amazônia Colonial pertencente ao Arquivo Público do Pará, jogado há mais de cinco anos pela SECULT em um espaço "provisório" inapropriado, com iminente risco de incêndio? 












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