Foto de José Vasconcelos Paiva |
Na última segunda-feira, a Associação de Amigos do Patrimônio de Belém, encaminhou ofício ao Ministério Público Federal, denunciando o estado de deterioração em que se encontra o imóvel que sedia o órgão no Pará, onde outrora foi a residência do Intendente Antônio Lemos e palco de um dos episódios mais marcantes das disputas políticas da República Velha no Pará, entre "Lauristas" e "Lemistas", quando em agosto de 1912, os partidários de Lauro Sodré desferem ataque violentos, incendiando parte do imóvel e obrigando Lemos à sair da cidade.
Fotos de José Vasconcelos Paiva |
O estado de abandono é visível nas goteiras, infiltrações, pedaços de forro e reboco caídos, vegetação que se espalha pelas paredes, pisos soltos,etc. e o que é mais preocupante, após deixar o imóvel chegar a esse estado, sem dar a manutenção necessária, a intenção da direção do órgão é mudar-se para outro prédio, desobrigando-se totalmente da sua responsabilidade.
A seguir a íntegra do ofício:
À
Procuradoria
Geral da República no Pará
Procurador-Chefe
Daniel César Azevedo Avelino
Travessa Dom Romualdo de Seixas, 1476, Umarizal - Belém/PA -
CEP 66.055-200
A Associação de Amigos do Patrimônio de Belém
(AAPBEL), vem respeitosamente relatar o que se segue e pedir providências, com
base no Decreto-Lei Federal nº 25, de 30 de novembro de 1937, na Lei Estadual
Nº 5.629 de 20 de Dezembro de 1990 e na Lei Nº 6938 de 31 de agosto de 1981.
A greve dos servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE no Pará no último mês de maio, mais do que a reivindicação pela
valorização do órgão e de seus servidores, serviu para denunciar à sociedade, a
grave situação de degradação em que se encontra o prédio que abriga o órgão
federal no estado do Pará e mais um dos motivos da greve dos servidores que
protestavam também contra as péssimas condições de trabalho em docorrência da
falta de manutenção do prédio.
A sede do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística – IBGE ocupa o imóvel localizado à Avenida Gentil Bittencourt, nº
418 – Batista Campos, que foi a antiga residência do Intendente Antônio Lemos e
uma das maiores lideranças politícas da República Velha no Pará e que pelo seu
inestimável valor cultural, histórico e arquitetônico teve sua salvaguarda
estabelecida pelo tombamento estadual desde 04 de agosto de 1999, além de
também encontrar-se protegido pela lesgislação federal, por localizar-se na
área de entorno do Cemitério da Soledade, bem tombado pelo IPHAN desde 1964.
Além da declaração do valor cultural da antiga
Residência do Intendente Antônio Lemos, mister se faz, obviamente a imposição
de obrigações ao proprietário, ainda mais se tratando de um órgão público, de
que a edificação seja efetivamente protegida de ações, omissões ou incúria que
redundem em sua mutilação, descaracterização ou mesmo destruição.
No
caso em tela, o imóvel encontra-se em situação precária em razão da omissão do
demandado, justificando assim, a intervenção dessa Procuradoria, uma vez que
estamos diante de uma lesão ao meio ambiente, em seu aspecto cultural, cujo
objetivo maior e fundamental é a preservação da memória da comunidade do
município, representada pelo referido bem.
Diante do exposto, requer-se que sejam tomadas as providências
cabíveis, de forma a garantir os direitos difusos da população à
ordem urbanística, ao patrimônio histórico-cultural e ao meio ambiente.
Belém, 07 de julho de 2014.
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