Alimentada pela impunidade, fruto da pouca capacidade de fiscalização e aplicação de penas por parte dos órgãos de preservação, é comum a prática de abandono e lenta degradação ou em alguns casos, agressões e incêndios na calada da noite, como tentativa de descaracterizar ou destruir o bem e, assim possibilitar uma nova construção em áreas de alto valor especulativo. Esse parece ser o caso do casarão localizado na Travessa Rui Barbosa, nº 1343 (entre Avenida Nazaré e Braz de Aguiar), pertencente à Federação das Indústrias do Estado do Pará - FIEPA.
O bem em questão possui tanto proteção municipal por está inserido na área de entorno do Centro Histórico, como proteção estadual por localizar-se em área de entorno de bem tombado (Solar Barão do Guajará, atual CODEM e Largo do Redondo), além de ser classificado pelo DPHAC/SECULT como Bem de interesse à preservação.
No ofício enviado ao IPHAN, SECULT e FUMBEL, a AAPBEL afirma que " apesar do tapume, onde se ler um pedido de desculpas pelo transtorno por está em obras, a anos não se ver qualquer indício de serviços de obras, sequer de escoramento de suas estruturas, ao contrário além do enraizamento de vegetação, até seu telhado foi retirado, evidência clara da intenção do proprietário de que o tempo aja em seu favor e ali possa surgir um estacionamento ou um moderno anexo de suas instalações."
Diante do crime contra o patrimônio a olhos vistos, a associação questiona os órgãos de preservação sobre as medidas administrativas e/ou judiciais tomadas, de acordo com a legislação em vigor.
Em resposta o IPHAN informa que apesar de o bem não está protegido por tombamento federal, além de alertar a FIEPA para a necessidade de apresentar projeto de restauro, convidou a FUMBEL e a SECULT para tratar do assunto.
O DPHAC por sua vez informa que a FIEPA em outubro de 2014, solicitou autorização para realização de serviços no imóvel, mas como não apresentou projeto para análise, a autorização foi negada, informa ainda que fará nova solicitação de projeto de restauro.
A FUMBEL até o momento não respondeu à associação.
O fato de a FIEPA, dona do imovél desde 2006, deixá-lo tornar-se meros escombros para solicitar sua demolição, mostra que o problema da preservação do patrimônio está muito mais relacionado a uma falta de consciência de que a valorização de nosso patrimônio cultural pode e deve tornar-se um instrumento transformador e gerador de desenvolvimento social e econômico, do que à falta de recursos para sua manutenção. E a participação da sociedade é imprescindível nesse processo, assim se esperaria da FIEPA, como instituição que tem um nome a zelar pelo que representa, uma atitude menos predatória e mais responsável com o patrimônio e com a identidade cultural de uma cidade que chega aos seus 400 anos.
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