Prolongamento da Travessa Manoel Evaristo em 2013, fechada por portão e incorporada ao canteiro de obras do Edifício Premium. |
Prolongamento da Travessa Manoel Evaristo até as margens da baía, ainda fechada por portão, mas já sem identificação do pretenso proprietário. |
Depois de mais de 33 anos de ocupação irregular do trecho que seria o prolongamento Travessa Manoel Evaristo e que deveria dá acesso ao rio, finalmente a Superintendência do Patrimônio da União no Pará- SPU fez o cancelamento da Inscrição de Posse da área que havia sido incorporada indevidamente.
Quando as entidades que formam o Movimento Orla Livre tiveram acesso à documentação do licenciamento da obra do edifício Premium, na esquina da Rua Nelson Ribeiro com Travessa Manoel Evaristo, entre todas as irregularidades e ilegalidades constatadas e que permitiram a realização do empreendimento imobiliário com 23 andares às margens da baía de Guajará, alguns fatos chamaram a atenção:
1) constatou-se que imóvel ocupado pelo Condomínio
Premium, localizado na Rua Nelson Ribeiro, nº 92,esquina com Travessa Manoel Evaristo, era formado pelo RIP nº 0427.0004277-10, com área de 885m² , RIP
nº0427.000.427800, com área de 810m² e pelo RIP nº 0427.000.0097-14, com área de 1.255m²,
totalizando uma área de 2.950m², ainda que o Alvará da obra indicasse uma área
de 5.138m²;
2) Constatou-se que mesmo essa área de 2.950m² registrada na SPU estava ilegal, uma vez que a área inicialmente cadastrada com 160m² , as margens do prolongamento da Travessa Manoel Evaristo, em 1982 foi acrescida irregularmente para o leito da referida travessa, obstruindo a via pública.
Desde então, o Movimento tem denunciado e cobrado dos órgãos afeitos à questão e do Ministério Público Federal e Estadual, explicações e providências quanto à regularização, desobstrução, alinhamento e arruamento da via, desprivatizando-a e garantindo o acesso ao rio. Também o movimento cobrou explicações para a discrepância entre a área registrada na SPU e a área constante no Alvará. Ver: http://aapbel.blogspot.com.br/search?updated-max=2015-04-13T07:48:00-07:00&max-results=7
A Nota Técnica da Superintendência assinada pelo Superintendente Jorge Luiz Panzera e enviada ao MOL semana passada, informa que o Registro de Inscrição de Posse - RIP nº 0427.0000097-14, com área de 1.255m² e que incidia em logradouro público, foi retificada e passou a ter 573,90m² e que após as retificações os lotes foram unificados em uma mesma RIP, sob nº 0427.0101793-29, com área total de 2.238,90m². A Nota informa ainda que após vistoria técnica encontrou-se uma área excedente de 2.242,99m², oriunda provavelmente de acréscimo de marinha, por aterramento do rio, que foi inscrita sob regime de ocupação e que passou a pagar taxa de ocupação de 5% com RIP Nº 0427.0101794-00.
Concluindo a Nota, a Superintendência do Patrimônio da União no Pará, afirma que "O terreno ao lado da edificação e que fica de frente para o prolongamento da Travessa Manoel Evaristo foi desocupado/desobstruído, sendo que na área não há inscrição de ocupação ou qualquer instrumento de regularização fundiária por parte desta superintendência, pois se trata de logradouro público e cabe à Prefeitura de Belém as providências quanto ao arruamento e urbanização da área em comento".
A mobilização da sociedade impediu assim mais uma ação de privatização que vem acontecendo historicamente das ruas que dão acesso à orla, como foi com a Travessa Joaquim Távora, Dom Bosco, D. Pedro, etc. Desde 2004, a SPU vem tentando administrativamente resolver a questão, enfrentando continuamente a resistência dos posseiros e sem ter uma ação mais enérgica que resolvesse definitivamente a questão.
Contudo, temos clareza que para garantir esse espaço retomado, um espaço que garanta o acesso da população ao rio, não basta apenas a sua regularização e nem a retirada do portão, é preciso que a Prefeitura faça a urbanização da via.
Diante da falta de interesse da Prefeitura em fazer o arruamento da via, a AAPBEL e a CivViva, ambas representando o MOL, estiveram reunidas com o Promotor do Meio Ambiente, Raimundo Moraes no último dia 03 de março, que se comprometeu em estabelecer um TAC - Termo de Ajuste de Conduta, envolvendo a Prefeitura, SPU e o proprietário do imóvel, com objetivo de que seja feito o alinhamento da rua e sua abertura até o rio, devolvendo ao povo o que lhe é de direito, contudo sem termos ainda nenhuma resposta concreta por parte deste.
Representantes do MOL cobrando intervenção do MPE para a desprivatização de mais um trecho da orla |
Puxa Parabens ,estou imensamente feliz de saber que temos pessoas dispostas a combater atos de ocupação ilegal dos espaços públicos.
ResponderExcluirMas ainda resta muito a fazer.
Fábio Falcão:
ResponderExcluirParabéns, o empenho valeu a pena, a sociedade como um todo foi bem representada pelos combativos membros da Associação dos Amigos do Patrimônio de Belém.
A cidade agradece.