sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Ministério Público Federal intervem para garantir ampla consulta sobre o Projeto "Novo" Ver o Peso




Júlio Wanzeller, representante da Comissão de hortifrutigranjeiros expõe sua preocupação com o futuro do Complexo Ver o Peso, ao ser aprovado o projeto


Na última terça-feira, 22.02, 14 entidades e comissões representativas de todos os setores de feirantes do Ver o Peso e diversas entidades da sociedade civil, entre elas a AAPBEL e o IAB - Instituto de Arquitetos do Brasil/PA, além de Conselheiros nacionais e municipais de cultura, entregaram abaixo-assinado com mais de 1.200 assinaturas,  ao Procurador da República José Augusto Potiguar,  no sentido de intervir junto à prefeitura e aos órgãos de preservação, a fim de garantir o amplo debate e a participação dos mais diversos grupos sociais na análise do projeto da Prefeitura de Belém para a feira do Ver o Peso, bem como no acompanhamento da sua execução; o respeito ao patrimônio tombado e às práticas sociais que se reproduzem no seu entorno.
Mais aqui: http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/mpf-recebe-abaixo-assinado-e-abre-procedimento-para-acompanhar-projeto-de-reforma-do-ver-o-peso


Representantes de todos os setores do Complexo assinam o Abaixo-assinado, acompanhados de diversas entidades da sociedade civil




Nesta sexta-feira, 26.02, após reunião com o IPHAN, o Ministério Público Federal decidiu atender aos movimentos sociais e fazer o que seria obrigação da Prefeitura: debater e ouvir opiniões de forma aberta, ampla e democrática, sobre sua proposta para o Ver o Peso.
Panfleto da Prefeitura refutando a necessidade de discussão com feirantes e sociedade sobre o polêmico projeto
Até aqui a Prefeitura tem feito simulacro de consulta, realizando discussão onde a platéia seja controlada e o resultado lhe seja favorável. Foi assim no dia 03 de fevereiro, quando convocou reunião para apresentação do  projeto, sem maior publicidade e com a platéia formada na maioria por cargos comissionados da Prefeitura e quando realizou um "referendo" em que excluiu parte dos trabalhadores do Complexo ou quando no dia 23.02 através de sua tropa de choque na Câmara rejeitou requerimento da Vereadora Sandra Batista para realizar Sessão Especial, mas ao mesmo tempo que se recusa a comparecer à Câmara, perante os cidadãos de Belém; convida os vereadores para reunião de apresentação do "Novo" Ver o Peso, seguido de almoço.
Convite para os vereadores para "apresentação" do projeto
 O MPF divulgou que o projeto de reforma da prefeitura para o Ver-o-Peso será disponibilizado para a consulta no site do IPHAN e que uma audiência pública sobre a proposta está marcada para o dia 05 de abril.
De acordo com a Superintendente do IPHAN/PA, Maria Dorotea Lima,  no site estará disponível um email para que o público possa enviar suas contribuições e que os resultados desta consulta e da audiência pública serão considerados pelo IPHAN para emissão do parecer sobre o projeto.
Maria Dorotea Lima, Superintendente do IPHAN/PA

"Tomamos essa decisão mediante a grande demanda que temos recebido para conhecer o projeto e também para contribuições", declarou a superintendente.
Além disso, a contar do próximo dia 28 de fevereiro, a Prefeitura de Belém terá 15 dias para remeter a cópia do convênio firmado com o Estado do Pará para o repasse de recursos que financiarão as obras. A íntegra da notícia está disponível no site do MPF-PA: http://www.mpf.mp.br/pa/sala-de-imprensa/noticias-pa/mpf-e-iphan-farao-consulta-e-audiencia-publica-sobre-reforma-do-ver-o-peso


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Patrimônio da Vila Sorriso ameaça desaparecer sem ter reconhecimento!




O chalé acima, situado na Rua Manoel Barata, entre as Travessas Souza Franco e Itaboraí, está sendo destruído em plena luz do dia, localizado em uma grande área, certamente servirá à especulação imobiliária, que chega de forma avassaladora no distrito.
E assim o Patrimônio Material da antiga Vila Pinheiro, ameaça desaparecer, sem sequer ter o reconhecimento dos órgãos de preservação em todos os níveis da federação, mas especialmente da FUMBEL, que nos últimos anos vem abrindo mão do seu papel legal de ser responsável pela gestão e politicas culturais do município.
Os dois únicos bens tombados em Icoaraci são o Chalé Tavares Cardoso e a Estação da Estrada de Ferro Belém-Bragança, ambos em estado de abandono. Todo o rico patrimônio de Icoaraci, assim como o de Mosqueiro não está sequer registrado em Inventário de Bens Culturais. O Inventário é a primeira medida protetiva, levando-se em conta que não se pode proteger e nem valorizar o que não se conhece .
A Constituição Federal reconheceu expressamente no seu artigo 216, §1º o Inventário como instrumento de tutela do Patrimônio Cultural. Trata-se este instrumento, de uma minuciosa pesquisa de identificação e descrição do bem cultural a ser tutelado, utilizando critérios técnicos, históricos, sociais e artísticos, que permitirá a catalogação de suas principais características físicas, e culturais bem como seu estado de conservação. Apesar de ainda não haver lei regulamentadora dispondo sobre este instituto, o Inventário se mostra como um meio eficaz de proteção cultural, uma vez que, as informações detalhadas ali recolhidas e catalogadas, servem de parâmetros para futuras intervenções no bem, que tanto pode ser móvel, quanto imóvel. É dever constitucional do poder público a preservação do patrimônio histórico e cultural, cabendo aos municípios a proteção dos que se situam em seu território, nas formas dos art. 30, IX e 216 da CF, cabendo ao município a realização do levantamento e inventário dos bens reconhecidos pelo seu valor cultural.
A denúncia foi encaminhada ao Departamento de Patrimônio da FUMBEL, solicitando as medidas cabíveis no sentido de fazer cessar o dano ao patrimônio, bem como a aplicação das penalidades previstas.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

CARTA AO IPHAN: CONSIDERAÇÕES SOBRE INTERVIR NO VER-O-PESO, EM BELÉM DO PARÁ.


Reproduzimos abaixo a carta do arquiteto e urbanista Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade e do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro e um dos autores da proposta vencedora do Concurso Público Nacional realizado em 1999 que escolheu o projeto da última intervenção urbanística na feira.
Parece que tem mais gente preocupada no Brasil com a proposta apresentada pela Prefeitura do que entre nossa intelligentzia  paraora. 

Prezada Sra Presidente do IPHAN

SRA JUREMA MACHADO


Senhora, ouso abordá-la sobre o tema que se avizinha de possível nova intervenção na Feira do Ver-O-Peso em Belém do Pará.
Para contribuir ao debate, disponibilizo aqui, no link acima, o acesso as pranchas originais do concurso nacional de arquitetura, realizado em duas fases, com debates públicos, promovido pelo IAB, Instituto de Arquitetos do Brasil, em 1999, e regido por orçamento participativo, onde os feirantes eram clientes ativos na busca por um design coerente com suas tradições e práticas mas também atender a condições atuais e reverter o quadro de
afastamento da população local, especialmente de classe média, da feira.
Foram muitos anos de trabalho, sou um dos autores da proposta vencedora, conjuntamente com Flavio Ferreira, Pedro Rivera, Rafael Balbi e Rodrigo Azevedo, entre outros profissionais em grande equipe multidisciplinar, em projeto que foi uma das experiências urbanas mais avançadas na virada do milênio, num contexto amazônico, gerida por uma administração municipal de caráter popular e amparada em metodologias participativas, tendo sido a orientação por concurso nacional, uma prerrogativa expressa da comunidade local da feira.
O texto do concurso é muito bonito e defende uma solução sofisticada amparada na complexa e bem articulada relação entre elementos populares e eruditos, vernaculares e tecnológicos, onde coexistem edifícios em ferro vindos de outra parte do mundo, da Escócia, com produtos e artefatos de design vindos do outro lado do rio, das “ilhas”.
A proposta traz portanto oferta de solução modular, capaz de lidar com a natureza atuante e presente – as chuvas frequentes e a umidade intensa – e a intensidade de fluxos e trabalhadores – inúmeros produtos, peixes, açaí, maniva, farinhas, camarão seco, carnes, etc – em articulação com edifícios singulares, o Mercado de Peixe, o de Carne, e o Solar da Beira, tendo como plataforma urbana a proximidade imediata com a cidade histórica, o Centro, a Praça do Relógio, o forte, a Sé.
Tal modulação firma a tenso-estrutura, que coleta água, libera ar, deixa passar luz, e comporta-se como véu mole, em contraste com elementos duros, e desenvolve um teto virtual, nebuloso, ondulado, que abriga e acolhe a intensa vida da feira. Esta tecnologia permite manutenção simples, e a simples substituição do material, ocorrendo a cerca de cada vinte anos, permite a longevidade e sustentabilidade da solução construtiva, assim como são pretensamente eternos os barcos mas substituem-se as velas.
Ver-O-Peso é uma magnífica conjugação da inteligência portuguesa e brasileira, fundando bases profundas para nossa modernidade.
“Quem no Pará parou, tomou açaí, ficou.” Dizem os locais tamanha é a força da terra, seu genius locci, seu terroir. Sou hoje, graças a Deus (como lá se diz também), casado com uma filha de paraenses e o açaí “das ilhas”, a maniçoba, ainda frequentam minha vida.
Rogo leitura ao material que disponibilizo aqui.
Se irão intervir no Ver-O-Peso, que o façam novamente por concurso aberto, nacional, tal qual um Prometeu feliz, a reinventar-se continuamente mas sem dor, somente o prazer do vislumbre da água amarela da baía de Guajabara de onde sai o sol e de onde veio a Virgem de Nazareth, e de onde brota o Círio continuamente e vigorosamente.
Precisar demolir e reconstruir talvez não seja necessário mas esta é uma manifestação que não me convém, tão pouco defender exclusivamente como minha uma solução que foi construída democraticamente. Defendo aqui o caminho, o método, o modo. A inteligência de saber fazer. Saber intervir.
Uma corda de esperança pela qualidade na intervenção no ambiente construído e imaterial do Ver-O-Peso, bem que a humanidade precisa conhecer para reconfigurar suas lógicas de vida econômica, cultural e social com a natureza, especialmente diante das mudanças climáticas que ameaça nossa espécie no planeta.
As lições de Belém, e do Ver-O-Peso, são singelas mas tem raízes profundas nas relações que firmamos no passado e que poderemos firmar no futuro com a natureza.
E reside aí, nesse lugar aparentemente caótico, intenso, uma nova ordem harmônica para o Antropoceno.
Com meu mais profundo apreço pela sua condução sempre exemplar e serena, que a mim influencia tanto, também atualmente na condição de gestor de patrimônio cultural, despeço-me com muito respeito e admiração.
Atenciosamente
Washington Fajardo
arquiteto e urbanista

Veja aqui as Pranchas do Concurso Ver o Peso

domingo, 21 de fevereiro de 2016

Arquitetos do Brasil manifestam preocupação com a Reforma do Ver o Peso

O Conselho Superior do Instituto dos Arquitetos do Brasil, reunido no último dia 30 de janeiro em Vitória lançou Carta em que manifesta-se sobre vários aspectos do processo de reforma do Ver o Peso encaminhado pela atual gestão municipal.
Uma das críticas refere-se à falta de transparência com que o planejamento de uma nova proposta para o conjunto Ver o Peso, foi feito sem o debate pleno entre as esferas governamentais e os diferentes grupos da sociedade civil que possam ser interessar por este tema, além de criticar a substituição de uma proposta vencedora de Concurso Nacional de arquitetura, brilhantemente planejada e executada, pela escolha de outra proposta, baseada em Tomada de Preço, sem o devido respeito às particularidades e importância histórica do Ver o Peso. Finalizando o documento, o IAB sugere a implantação total do projeto, vencedor do Concurso Nacional de 1999, que foi apenas parcialmente executado, assim como a participação efetiva da população usuária durante todo processo.

sábado, 20 de fevereiro de 2016

Feirantes rejeitaram projeto do "Novo" Ver o Peso em "Referendo" da Prefeitura!


Apesar de a propaganda oficial apresentar como uma grande vitória, na verdade o resultado de um erroneamente denominado "Referendo" para aprovar ou não o projeto do "novo" Ver o Peso, representou uma grande derrota da tentativa do prefeito de querer legitimar um projeto inacabado, que ainda não foi analisado e aprovado pelos órgãos de preservação federal, estadual e municipal e sobre o qual nem os trabalhadores do Ver o Peso e nem a sociedade foram chamados a discutir e tampouco ouvidos.

A enquete da última 3ª feira, que teve à frente à Secretaria de Gestão e Planejamento e a Secretaria de Economia, estabeleceu como metodologia a consulta apenas aos permissionários da feira em três urnas e uma quarta urna aberta para a população em geral.  Os eleitores aptos entre os feirantes totalizaram assim 801 eleitores, desses apenas 421 votaram, sendo que 213 eleitores votaram SIM, 204 eleitores votaram NÃO, 04 eleitores votaram NULO e 380 eleitores aptos se ABSTIVERAM. O grande número de abstenções mostra a divisão dos feirantes entre aqueles que decidiram negar o processo imposto pela Prefeitura, boicotando a consulta e aqueles que resolveram participar do processo para rejeitar o projeto. Portanto, se somarmos os Votos NÃO e NULO (208)  às ABSTENÇÕES (380), a resposta das urnas dos Feirantes é uma rejeição de 73,4% (588 eleitores) ao projeto de reforma do Ver o Peso apresentado pelo Prefeito Zenaldo Coutinho.
O Prefeito bem que se esforçou por um resultado mais positivo, foram quatro dias de intensa propaganda prometendo o paraíso no veropa, com carros-som, bikes-som e um exército de panfletadores, além dos DAS da Prefeitura mobilizados para votar na urna que se destinava à população em geral. Contudo nesta urna, apesar de uma vitória mais ampla do Sim, o número de votantes também foi pouco significativo: 586 votantes, sendo que 433 votaram SIM e 153 votaram NÃO.
E QUAL A LEGITIMIDADE E VALIDADE DESSE 'REFERENDO'?
Além do uso para propaganda, nenhuma!
Primeiro porque o universo consultado não representa o Ver o Peso. Se considerarmos apenas os trabalhadores cadastrados, temos: na Feira do Açaí (128), no Mercado da Carne (102), no Mercado do Peixe (115) e na Feira do Ver-o-Peso (872) (SECON, 2009).  No entanto, é preciso considerar que destes 1.217 trabalhadores cadastrados, grande parte exerce suas atividades em família, o que amplia o universo de trabalhadores no complexo e se considerarmos ainda os trabalhadores que atuam em atividades indiretas em torno do comercio da feira estima-se um número em torno de 5 mil trabalhadores que sobrevivem da economia do Ver o Peso. Esses não devem ser ouvidos também?
Portanto o número de participantes de apenas 1.007 pessoas não representa nem o universo do Ver o Peso e muito menos o da população de Belém.
Assim, a consulta da Prefeitura não passa de mais um factóide, ao não ser precedida por um amplo processo de reuniões com todos os setores interessados e audiências públicas como prevê o Estatuto das Cidades e o nosso Plano Diretor e o rito legal e democrático exige, com o devido chamamento público, publicidade ampla e transparência.

A Participação Democrática no Estatuto das Cidades e no Plano Diretor de Belém

As matérias de interesse coletivo ou difuso que afetam os direitos dos cidadãos, como privatização de serviços públicos, meio ambiente, implantação de obras e projetos de grande impacto ambiental e de impacto de vizinhança, obrigatoriamente, deverão ser analisadas e discutidas com a comunidade e a população diretamente atingida, por meio de audiências públicas, sempre que estas forem solicitadas.
A audiência pública cumpre duas funções. A primeira, como instrumento destinado a prestar informações, esclarecimentos, fornecer dados e documentos sobre a matéria que será objeto de deliberação para a comunidade interessada e que será atingida pela decisão administrativa. A segunda função refere-se aos cidadãos manifestarem suas opiniões, apresentarem propostas, apontarem soluções e alternativas, possibilitando o conhecimento pela administração pública das opiniões e visões dos cidadãos sobre o assunto que será objeto de deliberação. 
O Plano Diretor (Lei 8665/2008), artigo 214, acrescenta ainda que sempre que necessário serão realizadas audiências, debates e consultas públicas territoriais por distritos administrativos da cidade, com o objetivo de ouvir e discutir com a população local, as questões urbanas relacionadas àquela territorialidade, tendo como referência o Plano Diretor.






domingo, 14 de fevereiro de 2016

Ver o Peso: reforma sim, mas com respeito ao nosso Patrimônio!



ATO EM DEFESA DO VER O PESO
As associações de trabalhadores do Ver o Peso com apoio de diversas entidades e movimentos da sociedade civil: Associação dos Amigos do Patrimônio de Belém, Coletivo Cultural Idéias Aí, o Instituto dos Arquitetos do Brasil/Seção Pará, a Associação dos Amigos dos Arquivos Públicos do Pará, a Associação dos Agentes do Patrimônio da Amazônia, Movimento Belém400+10 e Movimento Orla Livre, realizaram neste sábado um Ato em Defesa do Ver o Peso. 







Além dos trabalhadores do veropa, cidadãos, ativistas culturais, estudantes e parlamentares fizeram um arrastão pelas áreas da feira, conversando com trabalhadores e usuários, para afirmar que o Ver o Peso precisa e quer uma reforma, afinal foram 14 anos de abandono, mas não aceitarão uma reforma feita a partir de um projeto que descaracterize a maior feira livre da América. 
Até a Guarda Municipal deu as caras no Veropa, aguardaram os manifestantes em frente ao Solar da Beira






Vereadora Sandra Batista manifestando-se em defesa do Ver o Peso









A Prefeitura também estava na feira com um grande número de carros-som e servidores do Ama Belém, convocando para um chamado "Referendo", na próxima terça-feira, em que pretende perguntar aos feirantes se quer ou não a reforma do Ver o Peso. O prefeito, após no aniversário de Belém, lançar uma maquete como se fosse um projeto de reforma, continua fazendo do jeito errado e sem nenhuma seriedade. Trata-se de mais uma manobra para pressionar os trabalhadores, a população e o IPHAN a aceitar uma intervenção em área tombada, que ao invés de integrar-se ao patrimônio, concorre e compromete a ambiência e legibilidade do entorno.  


ENTENDA A QUESTÃO

Depois de ter ignorado as demandas dos trabalhadores por três anos e ter perdido recursos federais da ordem de 16 milhões de reais, o prefeito tenta impor um projeto ainda em construção e não aprovado pelos órgãos de preservação, que não apresenta garantias de que será devidamente executado; o projeto apresentado pela Prefeitura custará 34 milhões e não inclui a Feira do Açaí, a Pedra do Peixe, o Solar da Beira e a Praça do Pescador; exclui determinadas atividades; não garante: a permanência de todos os feirantes; que os permissionários continuarão com o mesmo número de barracas, metragens e localização; o devido remanejamento e a permanência de todos após a reforma; respeito, participação e dignidade para os envolvidos.


Maquete do novo Ver o Peso apresentada pela Prefeitura
   
O projeto está emperrado por total e única culpa da ineficiência da Prefeitura, que o apresentou com várias pendências para o IPHAN e ainda não o apresentou aos órgãos de preservação Estadual e Municipal.
É certo que entre os ajustes e complementação do projeto, avaliação dos órgãos de preservação, licitação, mobilização para a obra, planejamento e remanejamento dos feirantes, será exigível, pelo menos, de sete a oito meses,  gerando um transtorno, que pode paralisar totalmente a maior feira da América Latina e também pode inviabilizar o Círio de Nazaré;
A insistência do prefeito é um marketing para ganhar votos. Faça a promessa que fizer, no máximo, pretende instalar o tapume e a placa da obra.
Pior ainda é a ameaça de que se o projeto não for aprovado até o final de fevereiro, os recursos serão remanejados para outros fins, criando conflitos entre os trabalhadores e tentando imputar a culpa de seu insucesso numa suposta resistência dos feirantes, IPHAN, sociedade civil e do Ministério Público.
Os feirantes do Ver-o-Peso, contam com a mobilização da sociedade para a garantia da revitalização de todo o complexo, todavia, mediante um projeto criterioso, que aprimore as condições atuais, mas que, fundamentalmente, resguarde as suas características e o seu valor histórico, obedecidas todas as exigências dos órgãos de preservação, garantindo-se a ampla e democrática consulta pública, através de reuniões e audiências não apenas com os trabalhadores, mas abertas a toda sociedade, como prevê o Estatuto das Cidades, em intervenções de grande impacto ou em áreas tombadas e não ações antidemocráticas e forjadas para validação do projeto, como foi a última reunião do dia 03.02, em que a platéia era majoritariamente formada de DAS da Prefeitura ou esse referendo sem qualquer seriedade ou validade.    
AGENDA 
Dia 16.02 : Sessão Especial na ALEPA para tratar da obra de reforma do Ver o Peso.

Dia 25.02 :  Audiência Pública na Câmara Municipal de Belém

(Texto com a colaboração de Sílvio Leal, diretor da AAPBEL)



sábado, 13 de fevereiro de 2016

Escultura Modernista roubada: mais um dano dos 400 anos!



O abandono e a falta de vigilância dos nossos equipamentos públicos por parte da gestão municipal, somados à falta de valorização da população ao nosso patrimônio, resultou em mais um dano irreparável para a memória coletiva da cidade. O roubo de uma das esculturas do Monumento à Lauro Sodré no último sábado foi a nota triste desse carnaval, período farto em folia e em perdas ao patrimônio da cidade. 

O Monumento mandado erigir por Magalhães Barata,  foi inaugurado em 10 de junho de 1959 para comemorar o centenário de nascimento do líder político Lauro Sodré, ocorrido em 1958.
Inauguração do Monumento, em 1959 (foto extraída da página Fragmentos de Belém)


O conjunto de elementos monumentais é constituído de três grupos escultóricos, distribuídos pela Praça Floriano Peixoto, que faz parte do Complexo Arquitetônico de São Brás. O projeto é do arquiteto paraense Francisco de Paula Lemos Bolonha, cujas obras foram realizadas sob o comando do engenheiro Nicholas Chase. As esculturas foram criadas pelo artista paulista Bruno Giorgi e são as únicas do artista existentes fora do eixo Rio-São Paulo. 

Vista panorâmica do Monumento, em que se avista os três conjuntos escultóricos de autoria de Bruno Giorgi



A estátua de Lauro Sodré, em bronze, é obra central do primeiro grupo escultórico e também destaque principal do conjunto de elementos monumentais, a estátua traz a figura de um homem sentado, em meditação e está situada sob uma cobertura e sobre um espelho d’água, espécie de piscina. A escultura e o próprio conjunto remetem à figura e aos feitos do líder político homenageado, Lauro Sodré.
2º conjunto escultórico, em 2012 quando a Praça foi revitalizada


O segundo grupo escultórico é composto de um mural com três figuras em bronze, que representam o Trabalho (à esquerda), as Artes (à direita) e a República (ao centro), o mural está ligado a uma escada e situa-se entre o primeiro e o terceiro grupos escultóricos. 

O mural íntegro com o obelisco 


O mural antes da revitalização de 2012, já mutilado

O mural em 2012, reinaugurado sem a escultura que representava o Trabalho retirada para restauro.


O mural em situação de abandono, mas ainda com a escultura representando as Artes
O que restou do mural após o último roubo 



O terceiro grupo escultórico é constituído por um obelisco com 20 metros de altura, em sua parte superior está a Vitória, figura em alumínio que possui 5,30 metros de altura. 




Obelisco representando a Vitória, em foto de Alexandre Lima



Bruno Giorgi, mestre modernista


Bruno Giorgi nasceu em Mococa, interior de São Paulo, em 1905. Em 1911, fixa-se com a família em Roma, onde inicia estudos de escultura com Loss. Participa ativamente da luta anti-fascista na Itália e em 1935 é extraditado para o Brasil, integrando-se ao Movimento Modernista ao lado de Vitor Brecheret, Mário de Andrade, Alfredo Volpi, Lasar Segall e outros.

Em 1960, a convite de Oscar Niemeyer executa em Brasília, para a Praça dos Três Poderes, o Monumento dos Candangos; mais tarde, em 1968, no lago do Palácio dos Arcos, Ministério das Relações Exteriores, a escultura "Meteoro".

Candangos


Meteoro



O Mural estava incompleto desde 2012, quando a representação do Trabalho, que estava sem a cabeça, foi retirado para restauro no Museu de Arte de Belém e assim o Patrimônio Histórico da cidade vai se perdendo a cada dia, qual será o próximo? O Palacete Facíola abandonado pela SECULT? O precioso casario da Travessa Leão XIII? O Palacete Correa, onde funcionou o Colégio Pequeno Príncipe?  Ou o maior acervo de documentação da Amazônia Colonial pertencente ao Arquivo Público do Pará, jogado há mais de cinco anos pela SECULT em um espaço "provisório" inapropriado, com iminente risco de incêndio?