domingo, 28 de junho de 2015

Mangueiras replantadas na Av. José Malcher



Finalmente foram plantadas duas mudas de mangueiras, em substituição a duas árvores antigas que foram cortadas ainda em fevereiro, na Av. José Malcher com a Av. Alcindo Cacela. 
A AAPBEL solicitou a retirada dos troncos e o replantio, além do laudo técnico que identificasse as causas da supressão dos indivíduos. Apesar de não termos recebido nenhuma resposta, fica a certeza de que a sociedade deve ser a principal guardiã de seu patrimônio ambiental e cultural. 

Após meses, os troncos foram retirados em maio. 

sábado, 27 de junho de 2015

SEMMA faz replantio de mangueira na 09 de janeiro



A SEMMA não costuma responder aos questionamentos da sociedade organizada e portanto, não cumpre a Lei da Transparência, mas de certa forma é suscetível às denúncias que são feitas. Depois de retirar os troncos de duas mangueiras na José Malcher esquina com Alcindo Cacela, após pedido da associação, agora é com satisfação que constatamos que no lugar da mangueira retirada na frente de um prédio comercial na Avenida 09 de janeiro, no entorno do Museu Goeldi, foi plantada uma nova muda da mesma espécie, ainda que não tenhamos tido resposta quanto a autorização de corte da mesma e nem do laudo técnico que recomendou a ação. Também não sabemos se por conveniência do proprietário, ou por alguma recomendação técnica, a mangueira foi plantada do lado esquerdo do imóvel, e não no mesmo local onde estava a mangueira retirada.
Está se tornando comum, vermos o sacrifício de árvores, especialmente mangueiras quando um novo prédio surge, a sociedade precisa estar vigilante para a preservação de nosso patrimônio ambiental e cultural, que são os corredores de mangueiras.
Logo após a supressão do vegetal, o canteiro foi cimentado, levando-nos a duvidar da intenção de replantio.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Turquia ordena a demolição de três torres residenciais "ilegais"

Imagem via istanbulucuyorum.blogspot.co.uk

O Conselho de Estado Turco ordenou que o OnaltiDokuz Residence, um trio de torres de 27 a 37 pavimentos localizado no distrito de Zeytinburnu, em Istambul, fosse demolido. Trata-se de uma decisão histórica que poderá ter consequências mais profundas no sistema de planejamento nacional. 
Como relatado por Oliver Wainwright no The Guardian, o Conselho de Estado Turco decidiu que o empreendimento "afetava negativamente o patrimônio mundial que o governo turco é obrigado a proteger"; trata-se, possivelmente, de uma reação aos comentários feitos pela UNESCO em 2010, que ameaçava colocar a cidade mais populosa da Turquia na lista de patrimônio mundial ameaçado. 
OnaltiDokuz Residence em construção. Imagem via www.emlakguncel.com
OnaltiDokuz Residence em construção. Imagem via www.emlakguncel.com
No entanto, além da decisão de demolir o conjunto, o caso lança luz sobre o mecanismo por trás do boom imobiliário em Istambul. O terreno em questão, que segundo o zoneamento tinha gabarito máximo de 5 pavimentos, foi imediatamente rezoneado pela Prefeitura de Istambul após sua compra pelo empreendedor. 
A decisão também atraiu mais críticas para o presidente Recep Tayyip Erdogan. Já sob fogo cruzado por sua proposta de destruir o Parque Gezi para a construção de um shopping center - decisão que desencadeou uma série de protestos na Turquia no ano passado - Erdogan denunciou o empreendimentos em altura e afirmou publicamente não ter conhecimento do projeto para o OnaltiDokuz. Contudo, o antigo ministro da cultura Ertugrul Günay questionou essa afirmação, dizendo que "ele [o presidente] está acompanhando pessoalmente projetos de construções gigantescas em todo o país. Arranha-céus em Istambul só podem ser feitos com sua permissão."
© Panoramio CC User Dean Djakovic
A demolição também coloca a Prefeitura de Istambul sob risco de uma indenização astronômica, dado que o empreendimento não está apenas concluído, mas todos os apartamentos já foram vendidos. Cihat Gökdemir, o advogado que trabalhou no caso para o Conselho de Estado, propôs que essa indenização seja recuperada dos membros do conselho que originalmente aprovaram o edifício, dizendo que "irá processá-los por desperdiçar recursos públicos".
Seja qual for o desfecho desse caso, ele certamente levantará maiores questionamentos em relação à construção na cidade turca. Como aponta Wainwright, "é uma decisão histórica, mas não ajuda em nada no esclarecimento da situação legal do boom irrefreável da construção civil em Istambul."

segunda-feira, 15 de junho de 2015

Cidades, carros e bicicletas por Raquel Rolnik


Na próxima quinta-feira (18), estreia no Brasil o documentário "Bikes versus Carros", do diretor sueco Fredrik Gertten. Percorrendo diferentes cidades do mundo –São Paulo, Los Angeles, Copenhague, Toronto, Bogotá, entre outras–, o filme retrata não apenas o confronto de dois modos de circular pelas cidades, mas de duas culturas urbanas: a dos carros e a das bicicletas.
Em cada uma das cidades, a narrativa é conduzida pela experiência de atravessá-las sobre uma bicicleta –mas também no interior de carros–, assim como por depoimentos de ciclistas, motoristas, gestores públicos e urbanistas, sobre um pano de fundo de estatísticas que demonstram o alcance das questões abordadas, para além das histórias individuais dos personagens.
Em uma das cenas do filme, passada em Los Angeles (a Meca dos automóveis), o fechamento de sua mais importante e gigantesca via expressa durante um final de semana transforma a cidade em cenário de uma espécie de filme de ficção. Prevendo um inevitável colapso no sistema de circulação, dada a total dependência do carro e suas infraestruturas, as autoridades apelam para que ninguém saia de casa.
A mesma Los Angeles –pasmem!– já teve, no início do século passado, um dos melhores sistemas de transporte coletivo do mundo: uma vasta rede de bondes que foram literalmente jogados na baía de Santa Mônica e se transformaram em uma enorme barreira de arrecifes artificiais. A mesma Los Angeles já contou com uma rede de ciclovias, hoje também abandonada. Fica claro como ali foi necessário destruir os sistemas de mobilidade coletivos e não motorizados para implementar a total dependência do automóvel.
Hoje, LA tem 70% de sua área ocupada por vias e estacionamentos para carros. Apenas 0,8% das pessoas utilizam a bicicleta como meio de transporte. No outro extremo, temos Copenhague, com seus 1.000 km de ciclovias e 40% da população se locomovendo de bicicleta, com incentivos públicos para que este número ainda aumente. Lá, a câmera do cineasta sueco registra as queixas e incômodos de um motorista de táxi, em posição minoritária na capital das bicicletas.
Em Los Angeles, São Paulo, Bogotá ou Toronto, o documentário mostra a luta dos cicloativistas por mais segurança e mais infraestrutura para as bicicletas. Mostra também a força do lobby do "complexo automobilístico", que envolve desde a indústria petroleira até a cadeia produtiva dos automóveis na definição de políticas pró-carro. O filme mostra que na Alemanha, por exemplo, o governo do país vetou uma proposta da União Europeia para a redução da emissão de gases poluentes, o que prejudicaria as montadoras alemãs.
Ao final do filme, inevitavelmente, somos levados a pensar: carros ou bicicletas? E aí é que a questão não fecha, ao menos no contexto das metrópoles brasileiras. Embora eu concorde com os argumentos pró-bicicleta, é impossível imaginar que possamos basear todo o nosso sistema de mobilidade nesse modal.
No Brasil, a luta por mais infraestrutura cicloviária precisa andar junto com a luta, fundamental, pela constituição de uma rede de transporte público de massa de qualidade, confortável, eficiente e acessível para todos, em que nem a oferta nem a tarifa possam impedir possibilidades ilimitadas de circulação na cidade para todos. 
Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Revitalização ou Privatização? O futuro da zona portuária de Belém



Uma notinha  na coluna do jornalista Mauro Bonna a alguns domingos atrás, revela que interesses especulativos e imobiliários  crescem os olhos sobre a área dos terrenos da CDP - Cia Docas do Pará em Belém. A intenção seria fazer parceria, via licitação para dar finalidade às áreas privilegiadas em frente ao porto e à Estação das Docas, contudo existe um problema a ser resolvido, a alteração do gabarito das construções na área que seria muito baixo, inibindo a construção de grandes torres verticais.


Coluna do Mauro Bonna no Diário do Pará

A discussão sobre o futuro de áreas portuárias vem ocorrendo em muitas metrópoles, que têm portos encravados nos centros urbanos, o caso mais emblemático é Recife, onde uma área de mais de 100 mil metros quadrados, o Cais José Estelita foi leiloada para um consórcio construir 12 torres de 40 andares, mas também vem ocorrendo no Rio e em Porto Alegre, com os projetos Porto Maravilha e Cais Mauá.  Em comum entre eles e o que anunciam como intenção de se fazer em Belém, o fato de serem grandes áreas públicas que serão ocupadas por empreendimentos imobiliários de discutível interesse público, sem que a população seja consultada.
A decisão sobre o que fazer nesses terrenos, por que, como e pra quem é fundamental para nossas cidades e merece debate público amplo, aberto e transparente.
Em tempos de crescimento desenfreado do preço dos imóveis em nossas metrópoles, essas terras são praticamente a única oportunidade que temos de desenvolver projetos públicos, não lucrativos e integrados à cidade,  em área bem localizada e de frente para a orla.
O Movimento Ocupe Estelita de Recife tornou-se um grande exemplo de que os moradores de nossas cidades estão cansados de  transformações urbanísticas que ignoram solenemente a perspectiva dos cidadãos, suas relações históricas e afetivas com o lugar, suas propostas de transformação.



No pedido de informações à CDP, a entidade destaca que :  
"Obviamente, a sociedade apoiará todas as ações que visem reabilitar, requalificar e revitalizar nosso Centro Histórico, porém tais prerrogativas devem sempre levar em consideração as especificidades do local, não obstante, observemos que pessoas que não atuem na área ou notadamente desconheçam aspectos técnicos e legais, opinem sem conhecimento real das razões que levaram à definição dos modelos urbanísticos, incluindo gabaritos, em amplo e longo processo de construção da legislação em vigor. Uma conquista para nossa cidade às vésperas de completar 400 anos. 
Portanto numa atual perspectiva de reabilitação desse espaço como um importante elemento constitutivo da identidade local, nos preocupa que essa discussão, aparentemente, venha sendo travada nos gabinetes, com claro controle unilateral do poder político e das autarquias locais em questões que deveriam envolver diversos segmentos da sociedade, o que evidencia uma apropriação não negociada dos espaços socialmente construídos em Belém."
Leia aqui o teor completo do Pedido de Informações à CDP: https://drive.google.com/drive/my-drive

sábado, 6 de junho de 2015

SEURB responde sobre calçada da Basílica

Como já suspeitávamos, a obra de calçamento da rua em frente à Basílica de Nazaré, foi iniciada sem que o projeto tivesse a análise e o parecer do DPHAC/SECULT, uma vez que trata-se de bem tombado a nível estadual e muito menos do IPHAN, já que o Círio é patrimônio nacional. Abaixo transcrevemos os protestos da AAPBEL quanto ao desrespeito da SEURB à legislação de preservação.


 

"Acusamos o recebimento do ofício nº 1175/2015-DEPL/GAB/SEURB em resposta ao nosso pedido de informações sobre a autorização dos órgãos de preservação pertinentes pelo tombamento, para a obra da calçada da Basílica de Nazaré, sob a responsabilidade dessa secretaria. Apesar de agradecermos a atenção ao nosso pedido, não podemos deixar de ressaltar que:
a)       A resposta em questão, deixa claro que o projeto só foi submetido à  análise e parecer do DPHAC/SECULT  no dia 13.02.2015, após  a obra já ter sido iniciada e após denúncia da AAPBEL e o pedido de parecer ao IPHAN só foi encaminhado  no dia 02.03.2015.
b)     O atendimento ao pedido de informação só foi atendida parcialmente, uma vez que não nos foi encaminhado cópias dos pareceres de aprovação dos órgãos de preservação.


De acordo com o art. 20 da Lei Estadual nº 5629, de 20.12.1990, “O bem tombado só poderá ser reparado, pintado, restaurado ou sofrer qualquer forma de intervenção, com prévia autorização documentada do DPHAC ou AMPPPC, aos quais caberão prestar orientação e acompanhamento à obra ou serviço.”

Assim sendo julgamos que o desejável é que o poder público tenha o cuidado, o respeito e o zelo pelo ordenamento jurídico, não incorrendo em erros que podem comprometer a legalidade de seus atos e neste caso ainda, a ambiência e a estética do bem tombado."    
O que restou dos paralelepídos
 

segunda-feira, 1 de junho de 2015

BELÉM em 400 GRITOS


              
Após a poeira do treme-terra abaixada
vê-se os escombros do único bosque-bucólico
os dejetos em cacos do último theatro
sepultado em Paz
pedaços picados da bella-baptista-praça
sempre mal-abraçada
os casarões rasgados
em nuvens voando
levando a ímpar-época
de rica riqueza capaz de imaginar uma
metrôpole cravada-de-madreperolas
broche requintado
na pele da densa-mata verde
embriagada pelas abundandes-águas
dos sedimentos sentimentais melancólicos
cheiros saborosos em profusão tacacazeiras
perfumarias das mitologias Phebos
fontes-renascentistas jamais brotadas
dos italianos projetos engavetados
nos parcos palácios ainda existentes
em completa ruínas
mas de muitas mentalidades provincianas
que tatuam o dna dos proprietários
das vias intrafegáveis
desta Luzitânia Feliz
infelizes raízes fincadas nessas terras úmidas
simbólica arborização centenária
criada para dar ao abafado ar
sensações de florestas-das-lendas
de variadas visagens malassombradas
que partiram no derradeiro trem que se partiu
nos campos bragantinos
antes que os seus solos sagrados das Soledades
em completo esquecimento
não se transformem num outro mil shopping-centres
que ora frutificam mais que mangas
antigamente caídas em torrenciais chuvas grão-paraoaras benignas
Desespero e desolamento
reinam actuais no chão-batido
após cada desmoronamento eleitoreiro
depois de cada estação infernal eleitoral
que produz apenas o senso da terra arrasada
d’uma « Paris n’América », agora já, devastada
da urbis et orbi moderna impraticável
de urubus-cidadãos
presos à carniça que apodrece
sem nunca chegarem aos pés
dos quase extintos
periquitos-pequenos, ruidosos-alegres,
em cânticos carimbolescos numa
Samaumeira-nazarena Majestuosa.

                      Augusto Velloso-Pampolha, filho pródigo dessa terra.